A carga de trabalho a que cada Bombeiro está exposto é a relação entre as exigências do trabalho, tanto de um de bombeiro, como de um voluntário, descritas em termos de estímulos fisiológicos, ambientais e psicológicos e as capacidades biológicas e psicológicas destes para responder às exigências e regular os efeitos sobre o organismo. Como é sabido, a carga de trabalho provoca fadiga ocupacional, causada por fatores do trabalho, fatores individuais e fatores sociais a que o Bombeiro é exposto todos os dias do ano, com consequências ao nível da sua performance humana e operacional e no seu estado de saúde.
A fadiga é o efeito, uma condição reversível quando o Bombeiro Voluntário ou qualquer outro trabalhador pode dispor de pausas de recuperação na organização do trabalho. Esta é realmente a grande dificuldade do nosso Corpo de Bombeiros Voluntários, acentuada entre maio e outubro de cada ano. Neste período, aumenta significativamente o empenhamento e a carga de trabalho do Bombeiro Voluntário, com um enorme esforço individual, sem pausas devido à redução do efetivo e de voluntários. Contribuem para esta exigência, as permanências de prontidão, a preparação, o cumprimento de cada missão e finalmente a limpeza e manutenção dos materiais para uma missão seguinte, muitas vezes sem qualquer pausa para descanso e recuperação.
Os Bombeiros Voluntários em geral e o Corpo de Bombeiros de Vila Nova da Barquinha em particular, devido à quantidade de missões e com um efetivo cada vez menor, vão ter de comunicar a incapacidade para continuar a cumprir todas as missões, para poderem fazê-lo com garantia de segurança dos cidadãos e pela sua própria saúde física e mental. Continuaremos a manter a missão primária de socorro ao nível da saúde, seguida das missões de socorro e proteção de pessoas e bens ao nível do combate a incêndios urbanos, industriais e florestais. Quanto às missões transporte de doentes não urgentes e de apoio geral a eventos, nesta altura, serão a última prioridade, apesar da sua importância para a Associação conseguir realizar a receita.
Falando em receita importa relembrar o referido em sucessivas Assembleias Gerais de Sócios, a receita por serviços prestados a entidades públicas, ao INEM, à Autoridade de Emergência e Proteção Civil e o apoio da Câmara Municipal representam menos de 50% do orçamento para 2023, as quotizações dos sócios 4,5% e as rendas quase 3%, sendo o restante obtido através do transporte de doentes não urgentes, tudo isto para a Associação consiga ser sustentável financeiramente. Clarificamos o contexto de exigência e comunicamos que os nossos Bombeiros Voluntários trabalham nos seus limites e capacidades, com elevada fadiga, continuando, ainda assim, a prestar um serviço com qualidade e a salvar vidas sempre que são chamados a intervir.
Enquanto as ambulâncias, carros de fogo e equipamentos funcionarem e os nossos Bombeiros prestarem o socorro, os responsáveis políticos nada farão, porque fica muitíssimo mais caro ao Estado ter bombeiros profissionais, aos Barquinhenses e sócios pedimos que percebam a situação de exigência, e se sentirem essa vocação se candidatem a bombeiro voluntário para auxiliar, no futuro, o socorro dos nossos concidadãos.
Em nome da direção e na qualidade de presidente, cada vez que olho para um Bombeiro da nossa Associação sinto comoção, enorme gratidão, mas impotência para lhes poder proporcionar os meios materiais que justamente merecem, mas mais do que isso, o tempo de descanso e recuperação tão importante para o seu bem estar.
Antes que a situação se torne insustentável, pergunto: será que cada governante, autarca ou cidadão pode fazer algo para tornar mais fácil a vida dos Bombeiros que operam durante as 24 horas, todos os dias do ano? Ou vão revelar-se surpreendidos quando atingirmos um ponto sem retorno? Penso que sim.
Ao Comandante e a todos os Bombeiros da nossa corporação, manifestamos a nossa eterna gratidão, disponibilidade e apoio.